mais uma vez aprecio o pôr do sol pela janela do meu quarto sem você.
os tons de azul me lembram a a leveza do seu sorriso recebendo massagem nos olhos enquanto sua respiração mansinha aquece a palma da minha mão. a medida que a nova noite chega, o laranja cor de fogo interrompe minha solidão e me leva pras noites quentes e úmidas ao seu lado, balançando na rede à luza da lua nova debochando das nossas inseguranças. duas crianças querendo se divertir, assuatdas no começo da fila tendo que decidir se encaram o primeiro carrinho da montanha russa ou, depois de horas de espera, saem do brinquedo sem nem experimentar o frio na barriga da primeira descida. quem sabe eu sigo em direção ao algodão doce e você, ao trompa-trompa? aquele horizonte ali? chega a me sufocar! a infinitude espreme meu coração de vontade de ouvir sua voz, sentir seu cheiro, ser cúmplice da sua risada.
amanhã, quando o sol quente voltar ao céu e todas as nuvens testemunharem seu caminho em direação a uma vida sem mim, estarei procurando nelas desenho de coração, um gato, quem sabe pimenta ou uma xícara de café. qualquer emaranhado branco que me lembre o formato da sua barba despenteada. é assim que eu me distraio todos os dias, esperando um novo pôr do sol, que é feito de melancolia e representa a dor do fim, mas carrega consigo a esperança do recomeço a cada amanhecer.