quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

notas para alfredo I

quantas vezes você me disse, alfredo, o quanto temia que eu visse em você alguém que você não é.
perdi a conta das ocasiões em que levei bronca porque te fazia elogios e ressaltava suas qualidades desmedidamente.
o que você nunca percebeu, querido alfredo, é que eu sou apaixonada justamente por sua imperfeição, por aqueles defeitinhos que nem é necessário elencar.
acho tão bonito como você sobreviveu àqueles tombos, como conseguiu se levantar depois que perdeu a confiança, no outro e em si mesmo.
sua teimosia, seu sorriso mascarando a dor, sua ironia nos momentos mais inoportunos. essa mania de esquecer que o mundo não gira a seu redor!
saber que você continua na luta, apesar de todos os seus erros, essa maldita culpa que você sempre colocou entre mim e você, me impedindo de te ganhar devagarinho.
tudo isso é de uma tal boniteza, alfredo! me fazem ficar encantada com o quão desajeitadamente humano pode ser meu objeto de amor.
são nossas imperfeições e erros que nos aproximam, alfredo meu. por causa deles é que podemos nos olhar bem de pertinho e sentir vontade de despertar o que de melhor podemos ser.
quando nos despimos em pêlo, suor, medos e fragilizadades é quando mais te amo, alfredo! eu não suportaria conviver com alguém perfeito.
errar na pimenta significa que você se dispôs a cozinhar pra mim. se atrasar e ficar ao lado de fora do show significa que aceitou meu convite.
se sou violenta nos elogios, alfredo, é por medo de entregar por aí seus defeitos e despertar a curiosidade de outras amantes.
não vou entregar o ouro! tudo que você tem de pior, eu quero pra mim.
ainda te espero, todo imperfeito. volta?

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