segunda-feira, 28 de maio de 2012

cinco minutos


Compreendo agora, disse eu em voz baixa e como falando a uma amiga que estivesse a meu lado, compreendo porque ele me foge, por que conserva esse mistério; tudo isto não passa de uma zombaria cruel, de uma comédia, em que eu faço o papel de amante ridícula. Realmente é uma lembrança engenhosa! Lançar em um coração o germe de um amor profundo; alimentá-lo de tempos a tempos com uma palavra, excitar a imaginação pelo mistério; e depois, quando essa namorada de uma sombra, de um sonho, de uma ilusão, passear pelo salão a sua figura triste e abatida, mostrá-la a seus amigos como uma vítima imolada aos seus caprichos, e escarnecer da louca! É espirituoso! O orgulho do mais vaidoso homem deve ficar satisfeito!
(José de Alencar)

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