quinta-feira, 14 de março de 2013

organizei o tempo que restou

Ele me beijou e saiu. Fui até a sacada. Lá embaixo o motoqueiro ia pela sombra (a lua às vezes cega). Desliguei as luzes e sentei no chão da sala. Meti a mão na testa inconformada por não ter dito nada. Houve aquele primeiro beijo em uma noite de novembro. Na calçada, sem boné, seu rosto recebia uma luz bonita que vinha do céu. Você insinuou que eu vibrava, eu gostei do teu sorriso. Depois veio a primeira trepada, algum café da manhã. Sabia que você tem bruxismo? Eu queria te contar umas coisas. Coisas como poderia ter sido legal na terra do frevo. Ou como eu gostava de você. E da sua barba. Do seu andar desengonçado. De você vestindo vermelho-PT. Era um tesão de querer não querendo. Parece que a gente transou pra cada um seguir com sua vida. Nem se olhar a gente se olha mais. Você perdeu a graça, eu muito mais. Mas é normal, a graça vive desacontecendo. Eu gostava da tua mão me explorando. Tua boca me provando. Tua barba me arranhando. 118 noites já se passaram, desde aquela de novembro.

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